Futebol no Brasil
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O futebol, no Brasil, é o principal esporte no país. Foi introduzido por Charles Miller, um jovem brasileiro que, após viagem pela Inglaterra, trouxe consigo duas bolas de futebol e passou a tentar converter a comunidade de expatriados britânicos da cidade de São Paulo de jogadores de críquete para futebolistas, criando um clube de futebol no Brasil.
O futebol rapidamente se tornou uma paixão para os brasileiros, que freqüentemente referem-se ao país como a pátria de chuteiras ou o país do futebol. Segundo pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas, o futebol movimenta R$ 16 bilhões por ano, tendo trinta milhões de praticantes (aproximadamente 16% da população total), 800 clubes, 13 mil times amadores e 11 mil atletas federados.[1][2]
[editar] História
[editar] Introdução do esporte
Como em muitos países, o futebol chegou ao Brasil nos pés de ingleses expatriados. No Brasil, o pai do futebol foi Charles Miller, o filho de um empregado de uma empresa ferroviária. Miller, que era nascido no Brasil, foi à Inglaterra para estudar na Banister Court School. Lá, se tornou um admirador do futebol e quando retornou ao Brasil, em 1894, trouxe com ele duas bolas de futebol.
"Numa tarde fria de outono em 1895, reuni os amigos e convidei-os a disputarem uma partida de football. Aquele nome, por si só, era novidade, já que naquela época somente conheciam o críquete.
- Como é esse jogo? - perguntam uns.
- Com que bola vamos jogar? - indagavam outros.
- Eu tenho a bola. O que é preciso é enchê-la.
- Encher com o quê - perguntavam.
- Com ar.
- Então vá buscar que eu encho."
Foi assim, que, de acordo com Charles Miller, o futebol começou no Brasil, numa entrevista dada à revista O Cruzeiro em 1952.[3] Em 1895 houve o que é considerado o primeiro jogo de futebol no país. Na Várzea do Carmo, em São Paulo, uma partida entre ingleses e anglo-brasileiros, formados pelos funcionários da Companhia de Gás e da Estrada de Ferro São Paulo Railway. O amistoso terminou por 4x2, com vitória do São Paulo Railway.[4]
No entanto, há registros que o esporte já havia sido praticado no país anteriormente. Em 1874, marinheiros estrangeiros disputaram uma partida em praias cariocas. Em 1878, tripulantes do navio Criméia enfrentaram-se em uma exibição para a Princesa Isabel.
Há também outras histórias não comprovadas. É dito que, em 1882, um homem chamado Mr. Hugh teria introduzido o futebol em Jundiaí, entre seus funcionários. Diz-se também que entre 1875 e 1876, no campo do Paissandu Atlético Clube, na cidade do Rio de Janeiro, funcionários de duas companhias teriam jogado uma partida. Contudo, a hipótese a partir de Charles Miller é a mais aceita e difundida no cotidiano brasileiro.
Partidas de futebol foram jogadas em Bangu, bairro do Rio de Janeiro, antes disso, com farta documentação reunida pelo pesquisador Carrlos Molinari, mas não atendiam naquela época há regras deste esporte, como times uniformizados por exemplo[5].
Logo após a introdução por Miller o esporte começou a se difundir por outros estados. Em 1897 o estudante Oscar Cox, regressando da Suíça, introduziu o futebol no Rio de Janeiro. A primeira equipe do estado foi o Rio Team, formada por Cox em 1901[6] . No Rio Grande do Sul a tarefa coube a Johannes Minerman e Richard Woelckers, em 1900, fundadores do Sport Club Rio Grande no mesmo ano. Na Bahia a José Ferreira Filho, em 1901. Em 1903 Guilherme de Aquino Fonseca após estudar na Hooton Lown School, na Inglaterra, voltou a Pernambuco e em 1905 fundou o Sport Clube do Recife. Vito Serpa trouxe o esporte a Minas Gerais em 1904 e Charles Wright ao Paraná em 1908.[7]
[editar] Primeiros campeonatos e clubes
O São Paulo Athletic Club foi a primeira equipe de futebol do Brasil, formada em 1894 por Charles Miller. Já o Associação Atlética Mackenzie College foi o primeiro time voltado para brasileiros, em 1898. O primeiro clube destinado só ao futebol foi o paulista Sport Club Internacional, fundado em 1899 e já extinto. Logo depois, no mesmo ano, foi fundado o Sport Club Germânia pelo alemão Hans Nobiling, hoje com o nome de Esporte Clube Pinheiros.
Devido a extinção do departamento de futebol do Germânia, o Sport Club Rio Grande é considerado primeiro clube de futebol, ainda em atividade, a ser fundando no Brasil. Está localizado na cidade do Rio Grande no Estado do Rio Grande do Sul. Em homenagem ao clube, a CBF escolhe a data de fundação do clube - 19 de julho - como o "Dia do Futebol".
Em 1901 o primeiro confronto entre paulistas e cariocas, que viria a ser consolidado em 1933 com o surgimento do Torneio Rio-São Paulo. Entusiasmado com o time formado pelo Rio Team, Oscar Cox começou a se corresponder com Renê Vanorden, do extinto Sport Club Internacional, Charles Miller e Antonio Casemiro da Costa, que viria a ser o fundador da Liga Paulista de Football, sobre a idéia de um jogo entre paulistas e cariocas.[8] O mesmo ocorreu no dia 19 de outubro, no campo do São Paulo Athletic Club. O primeiro jogo terminou empatado em 1 a 1. No dia seguinte outra partida, que também acabou em um empate de 2 a 2.
No mesmo ano foi fundado a Liga Paulista de Football, em 19 de dezembro. Em 1902, foi realizado o primeiro campeonato oficial no Brasil, o Campeonato Paulista de Futebol, onde o extinto São Paulo Athletic Club sagrou-se campeão. Pouco a pouco, novos clubes foram surgindo no estado paulista, como o SC Americano, AA São Bento, SC Internacional, Ypiranga e o Paulistano, clubes este que tiveram forte atuação nos primeiros anos do século XX, mas logo deixaram de praticar o futebol em São Paulo.
No Rio de Janeiro, no dia 21 de Julho foi fundado o Fluminense Football Club, primeiro clube de futebol do estado que estimularia a criação de uma liga carioca e organizaria o futebol na cidade. A partir de 1904, novos clubes surgiram, entre eles, destacam-se o Botafogo Football Club (atual Botafogo de Futebol e Regatas) e o América, esses do Rio de Janeiro. Em 1906, o primeiro Campeonato Carioca foi disputado, no qual o Fluminense foi campeão.
Entre 1910 e 1919, mais times e federações surgiram. O esporte tornou-se cada vez mais popular. Em 1910, por exemplo, após uma visita do Corinthians FC de Londres ao Brasil, surgiu em São Paulo o atual Sport Club Corinthians Paulista. Em 1912, o Clube de Regatas do Flamengo começaria a jogar futebol, assim como Club de Regatas Vasco da Gama faria em 1915,[9] clubes estes que existiam desde o século XIX, mas que iniciaram com a prática do remo no Rio de Janeiro.
Surgem os campeonatos regionais, e público e imprensa, interessados cada vez mais pelo esporte, difundiram-no pelo país. Separa-se do tênis e do críquete, esportes da elite, para despertar o interesse de toda a massa, principalmente na década de 1920.
[editar] Críticas
Apesar de ter se consolidado como o esporte preferido dos brasileiros já na década de 20, o futebol não foi visto com bons olhos durante sua popularização pelo país. As mais pesadas críticas vieram de setores da elite intelectual. O escritor Graciliano Ramos escreveu em sua crônica "Traças a Esmo" que o futebol era a prova da superioridade européia sobre o brasileiro, afirmando que sua popularidade seria apenas passageira (fogo de palha) pelo frágil biotipo dos que habitavam o Brasil.[10] Graciliano Ramos terminava a crônica de forma irônica:
As críticas mais contundentes, contudo, partiram do escritor Lima Barreto. Barreto via no futebol um fator de dissensão, e nos clubes, agremiações comandadas por descendentes dos senhores de escravos. Em seu artigo "Como Resposta, Careta", na publicação "Marginalia", o escritor afirma ser o futebol "primado da ignorância e da imbecialidade".[11] Por tais opiniões Lima Barreto chegou a criar a ""Liga Contra o Foot-ball", no qual tentava a proibição do esporte no país usando como justificativa supostos malefícios da prática do mesmo, como brigas e mortes.[12] Apesar de nunca ter sido proibido no Brasil, chegaram a ser discutidas limitações para o exercício do futebol. Em 1916, a Academia Nacional de Medicina estudou a hipótese da proibição do jogo para menores de 18 anos. Em 1919 a prática foi vetada no Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro.[13]
Da mesma forma que não fora recebido com simpatia pela elite intelectual, o mesmo acontecera em relação a classe trabalhadora. As lideranças sindicais da época, compostas em sua maioria por anarquistas e comunistas, viam o esporte com desconfiança, por acharem-o uma forma de alienação produzida pelos donos das fábricas para desviar a atenção do proletariado em relação à causa operária. Para tais lideranças, o futebol era "mera expressão da manipulação consumista e alienante da burguesia".[14]
A relação com os líderes sindicais começou a mudar a partir da década de 10, quando as lideranças passaram a perceber que poderiam angariar membros a causa anarquista/comunista por meio do esporte. Assim, se tornaram comum eventos que, para divulgar a doutrina trabalhadora, usavam como pretexto partidas entre times operários. Foi assim que em 1919 criou-se o Festival Operário de 1919, onde equipes formadas pelos operários disputavam amistosos entre si.[15]
[editar] A popularização e o fim do amadorismo
A década de 20 é considerada como o marco para a popularização do futebol no Brasil. O exemplo mais claro do fenômeno que se tornara ocorreu na final do terceiro campeonato Sul-Americano de Futebol (hoje Copa América), quando a seleção brasileira enfrentou o seleção uruguaia, em 29 de maio de 1919. A expectativa para a partida era tamanha que o presidente da época, Delfim Moreira, decretou ponto facultativo nas repartições públicas, enquanto que o comércio do Rio de Janeiro não abriu as portas naquele dia.[16]
A popularização do esporte iniciou a briga entre o amadorismo, a realidade da época, e o profissionalismo. Os primeiros indícios de jogadores assalariados vêm do futebol operário. Inicialmente usado como lazer e fonte de disciplinarização para seus funcionários, os donos de fábricas logo perceberam que o sucesso das equipes que levavam o nome da fábrica era um ótimo meio de divulgação dos seus produtos. Os trabalhadores que se destacavam com a bola nos pés começaram então a gozar de vários benefícios, como prêmios por vitória (o 'bicho'), dispensa para treinos e trabalhos mais leves. Ocorria assim, pela primeira vez, a valorização do 'capital esportivo'.[17] Surgia então o que foi chamado do 'operário-jogador'. Sobre isso, o escritor Mário Filho, abordando o caso específico do Bangu, fala no livro O Negro no Futebol Brasileiro:
Operário que jogasse bem futebol, que garantisse um lugar no primeiro time, ia logo para a sala do pano. Trabalho mais leve. (...) Os garotos que jogavam no largo da igreja sabiam que, quando crescessem, se fossem bons jogadores de futebol, teriam lugares garantidos na fábrica. (...) Depois de trabalhar muito, e principalmente, de jogar muito, o operário-jogador ganhava o prêmio da sala do pano. E podia ser ainda melhor se continuasse a merecer a confiança da fábrica, do Bangu. Havia o escritório, o trabalho mais suave do que na sala do pano. E o ordenado maior.[18] |
O aparecimento do 'operário-jogador' proporcionou aos operários a possibilidade do esporte ser uma segunda fonte de renda, além de uma relativa mobilidade social dentro da fábrica. A prática começou então a ser vista como possibilidade de ascensão social. Exemplo claro desse processo, o jogador Domingos da Guia, que fez muito sucesso na década de 30, relatou numa entrevista que seu início no futebol começou muito mais por necessidade do que por vontade própria. Seu interesse na atividade se dava pelos lucrativos 'bichos' que recebia após cada vitória.[19]
O profissionalismo começou a ganhar ares de realidade com o Vasco da Gama, em 1923. Com o departamento de futebol criado em 1915,[20] desde essa época o Vasco, junto com alguns outros clubes do subúrbio, reuniam jogadores de baixa renda, baixa escolaridade até mesmo desempregados, o que inquietava a elite carioca, que considerava que tais jogadores deturpavam o lazer proporcionado pelo esporte, já que não jogavam por amor ao clube, mas sim pelos benefícios financeiros que a prática lhes proporcionava. Sendo assim, a inserção das camadas mais baixas no futebol era visto como uma potencial ameaça aos clubes elitistas da Zona Sul do Rio de Janeiro.
Tal ameaça, contudo, nunca foi seriamente combatida, já que os clubes que adotavam entre suas fileiras esportistas pouco abastados disputavam divisões inferiores aos que os 'grandes clubes' disputavam. Assim, por algum tempo o futebol da cidade viu-se divido entre o amadorismo da divisão principal e o semi-profissionalismo, ou 'profissionalismo marrom', presente em divisões mais baixas.
Isso até 1923, quando o Vasco ascendeu a primeira divisão do Campeonato Carioca de Futebol, após ter vencido a segunda divisão estadual. No elenco vascaíno, a clara mistura que existia nos times do subúrbio: a equipe era composta pelo chofer de táxi Nelson da Conceição, o estivador Nicolino, o pintor de parede Ceci e o motorista de caminhão Bolão, todos negros, além de quatro brancos analfabetos.[21]
O escrete cruzmaltino, apesar da descrença em seu potencial, terminou o primeiro turno com uma campanha muito a frente dos seus rivais, com seis vitórias e um empate em sete jogos disputados.[22] A boa campanha continou no segundo turno e levou ao clube a vitória do Campeonato Carioca. Se por um lado negros e analfabetos até aquela época não tinham incomodado, a vitória vascaína não podia ser suportada pela elite, já que havia uma clara invasão de indivíduos sem status social numa prática até então restrita aos setores mais abastados da sociedade. Sobre a vitória do Vasco, assim escreve Mário Filho:
Desaparecera a vantagem de ser de boa família, de ser estudante, de ser branco. O rapaz de boa família, o estudante, o branco, tinha de competir, em igualdade de condições, com o pé-rapado, quase analfabeto, o mulato e o preto para ver quem jogava melhor. Era uma verdadeira revolução que se operava no futebol brasileiro.[23] |
Indignados, os chamados 'grandes clubes' começaram a articular na Liga Metropolitana dos Desportos Terrestres (LMDT) uma forma de conter o avanço do profissionalismo. Acusando a LMDT de 'populismo' por apoiar os 'pequenos',[24] os clubes da Zona Sul exigiram mudanças no regulamento interno da Liga, entre as quais cada clube teria um voto com um certo valor, cabendo a América, Botafogo, Flamengo e Fluminense a maior pontuação. Tais mudanças não foram aceitas pela maioria das equipes restantes, o que levou a um racha no futebol carioca: os grandes mais alguns outros clubes abandonaram a LMDT e fundaram em 1 de março de 1924 a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos - AMEA.
O caráter excludente da nova liga se tornava clara logo em seu estatuto, aqui reproduzido em parte com a escrita da época:
''Capitulo III - DA ADMISSÃO DE MEMBROS DA A.M.E.A.
Art 5° ITEM 10 - Indicar de seus athletas o número e o nome por extenso; a residência actual e a anterior; a profissão que actualmente exercem e a que exerciam precedentemente; o local em que a praticavam e o em que praticam; e bem assim o nome das pessoas sob cuja direcção a exercitavam e exercitam.
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O amadorismo, contudo, não podia resistir ainda por muito tempo, seja pelo situação interna do futebol no Brasil e até mesmo no mundo. No cenário externo, desde 1924 diversas nações adotaram o profissionalismo, como Espanha, Itália e Áustria, na Europa, além dos vizinhos sul-americanos Argentina e Uruguai. A difusão do profissionalismo fez com que a FIFA em 1930 autorizasse na primeira Copa do Mundo a participação de atletas que recebiam ordenados.
Internamente a situação também foi se tornando complicada para o amadorismo. Em 1932 um grupo de jogadores publicaram no jornal Gazeta Esportiva um manifesto onde pediam pelo direito de exercer sua profissão de jogador de futebol.[25] Em 1933 o jogador Floriano Peixoto Correa, conhecido como Marechal da Vitória, publica o livro "Grandezas e Misérias do Nosso Futebol", onde aborda de forma crítica o amadorismo. Segundo Correa:
Com o desenvolvimento do soccer no país, aumentou, naturalmente, o desenvolvimento do profissionalismo oculto. E o profissionalismo que devia ter sido legalizado nessa ocasião, passou a desfrutar uma proteção escandalosa de nossas entidades, clubes e paredros, unidos num deslavado semvergonhismo que depunha contra o seu carater e a sua conduta hipocrisia essa impotente para encobrir os escandalos que vieram depois.[26]
E o ‘amadorismo’ foi-se desmascarando. Em 1915 já não era escandalo a gratificação aos jogadores feita ás claras em qualquer clube de São Paulo ou do Rio, de Pernambuco ou do Rio Grande do Sul.[27] |
Além de Correa, companheiros também relatavam os problemas que a proibição ao profissionalismo lhe causavam. A transcrição a seguir é de Amilcar Barbuy:
Vou para à Itália. Cansei de ser amador no futebol onde essa condição há muito deixou de existir, maculada pelo regime hipocrita da gorgeta que os clubes dão aos seus jogadores, reservando-se para si o grosso das rendas.
Durante 20 anos prestei desinteressadamente ao futebol nacional os meus modestos serviços. Que aconteceu? Os clubes enriqueceram e eu não tenho nada. Sou pobre. Sou um pária do futebol. Não tenho nada. Vou para o país onde sabem remunerar a capacidade do jogador.[28] |
Ao clamor desses futebolistas foram se juntando também dirigentes de clubes, insatisfeitos com a situação de um 'amadorismo marrom', que não era nem um amadorismo, mas também nem um profissionalismo. Para tais, a profissionalização poderia transformar o esporte num espetáculo[29] e sobretudo assegurar a permanência dos craques nas equipes.
Sem pagar salários a seus jogadores, os clubes amadores não conseguiam disputar com estrangeiros, que viam ao país com interessantes propostas financeiras para os atletas que se destacavam. Esse foi o caso de Fausto dos Santos, que em 1931 se transferiu para o Barcelona, da Espanha.
A subida ao poder de Getúlio Vargas, em 1930, também teve forte impacto no fim das práticas amadoras. Vargas criou as Leis Trabalhistas, passou a regularizar o mercado de trabalho e iniciou uma ampla abertura política, fatores que contribuíram na derrocada do sistema amador.
Resultado desse conjunto de fatores, em 1933 os presidentes de Vasco, Fluminense, América e Bangu romperam com a AMEA e fundaram a Liga Carioca de Football (LCF), primeira entidade a aceitar oficialmente a inscrição de atletas profissionais.[30]
Em agosto do mesmo ano a Associação Paulista de Esportes Atléticos (APEA) toma o mesmo rumo que a LCF. Ambas então se desfiliam da CBD e criam a Federação Brasileira de Futebol (FBF), que apoiava o profissionalismo e por isso obteve da FIFA o direito de representar o Brasil em competições internacionais. [31]
Com o profissionalismo começando a ganhar forma, a CBD passou então a ser a grande antagônica do processo, o último bastião do amadorismo. As freqüentes brigas entre a mesma e a FBF fez com que na Copa do Mundo de 1934 o Brasil enviasse apenas jogadores amadores, o que resultou na desclassificação da equipe na competição. Em 1937, contudo, a CBD aceita o profissionalismo em troca da manutenção do seu poder sobre o futebol nacional. Era a extinção das práticas amadoras.
[editar] O pós-amadorismo
A Copa América foi a primeira competição envolvendo Seleções Nacionais de Futebol. Envolve países da América do Sul desde 1916. Entre a sua primeira edição até 1949, o Brasil venceu apenas três vezes em 21 ocasiões em que o campeonato foi realizado.
As Copas do Mundo começaram a disputadas em 1930, e nas edições seguintes sempre teria participações da Seleção Brasileira. Mesmo com participações fracas nas primeiras edições, o Brasil esteve representando nas edições do campeonato de 1930, 1934 e 1938, no Uruguai, Itália e França respectivamente. Após uma interrupção devido à Segunda Guerra Mundial, a Copa do Mundo voltaria a ser realizada em 1950 no Brasil.
[editar] A derrota na Copa do Mundo de 1950 e suas conseqüências
O Brasil foi sede da Copa do Mundo de 1950 e, por ser o anfitrião, havia a expectativa por parte da população de uma primeira conquista. Contudo, na final da competição, a Seleção Brasileira foi derrotada por 2 a 1, de virada, para a Seleção Uruguaia, que obteve seu segundo título. A derrota provocou uma grande mudança no futebol brasileiro, a iniciar pela troca do uniforme da seleção nacional, que passou de branco para amarelo, azul, branco e verde.
Em 1950, inicia-se a disputa ano a ano do Torneio Rio-São Paulo, envolvendo as principais equipes de Rio de Janeiro e São Paulo. Este campeonato serviria de base para a criação de um campeonato nacional anos depois.
[editar] A era clássica
A partir do final da década de 1950, o futebol brasileiro foi criando uma série de grandes jogadores ao mesmo tempo. Destacaram-se Pelé, Garrincha, Nílton Santos, Didi, Vavá, Zagallo, Djalma Santos o capitão Bellini, entre outros que participaram da campanha vencedora da Copa de 1958 pela Seleção Brasileira. A dose foi repetida na Copa de 62, desta vez Amarildo, Coutinho e Pepe somados ao elenco campeão.
Em 1959, foi criada a Taça Brasil, primeira competição com abrangência nacional do país. Seu primeiro campeão foi o Bahia, porém foi o Santos, de Pelé, a equipe que mais vezes a conquistou, cinco seguidas. Nesta época, o Santos fazia com o Botafogo, de Garrincha e companhia, a principal clássico do Brasil, tanto em competições regionais, nacionais e até internacionais, uma vez que a Taça Libertadores da América começou a ser disputada em 1960, ainda com pouco interesse das equipes brasileiras. O Santos foi o primeiro clube do país a conquistar a Libertadores e a ser campeão do mundo.
Apesar de não ter feito boa campanha na Copa de 1966, em 1970, a Seleção Brasileira sagrou-se campeã pela terceira vez da Copa do Mundo, recebendo definitivamente a Taça Jules Rimet, troféu que viria a ser roubado e derretido treze anos depois, por ter sido o primeio país a conquistar a Copa pela terceira vez.
Em 1967, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa foi criado para ser o campeonato nacional em um novo formato, possibilitando a participação de um número maior de clubes. Para tanto, o Torneio Rio-São Paulo foi interrompido, bem como a Taça Brasil dois anos depois.
[editar] Pós-70
Após quatro edições do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, a CBF decidiu organizar definitavamente o Campeonato Brasileiro de Futebol em 1971. Seu primeiro vencedor foi o Atlético Mineiro.
Logo, assistiu-se a uma maior integração do futebol do país, mesmo tendo apenas clubes de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul conquistado o torneio entre 1972 e 1984. Destacam-se a academia do Palmeiras, bicampeão em 1972 e 73, o Internacional, campeão de 1975, 1976 e 1979 (este último de forma invicta) e o Flamengo, que chegou ao quarto título em 1987 (ainda que de forma contestada). De curioso, o fato de Guarani ter vencido o campeonato em 1978, sendo o primeiro clube com sede fora de uma capital a conquistar o título. A hegemonia dos estados citados só foi quebrada com a conquista do Coritiba em 1985, abrindo vez para conquistas dos nordestinos Sport e Bahia em 1987 e 1988 respectivamente.
Ainda que timidamente, os clubes brasileiros foram pegando feição pelo campeonato continental, a Taça Libertadores da América. O Cruzeiro foi o segundo time do Brasil a vencer a competição, em 1976, sendo seguido por Flamengo e Grêmio em 1981 e 83 respectivamente. Estes dois últimos clubes, conquistaram também o título de Campeonato Mundial de Clubes nestes anos.
A esta época, a Seleção Brasileira ficou 24 anos sem vencer a Copa do Mundo. Em 1982, o time montado por Telê Santana era tido como candidato ao título, apresentando o melhor futebol da época e baseada nos jogadores como Zico, Falcão, Sócrate, Júnior, Oscar, Toninho Cerezo, entre outros, acabou sendo eliminada nas quartas-de-final da competição para a Itália da Copa. Na Copa América, o Brasil conquistaria seu primeiro título desde 1949 em 1989.
[editar] Anos 90
A grande novidade do calendário do futebol brasileiro na década de 1990 foi a criação da Copa do Brasil em 1989, que teve o Grêmio como o campeão de estréia. A década inicia-se com o quinto título nacional do Flamengo no Campeonato Brasileiro de Futebol em 1992, embora a CBF não o reconheça como campeão devido a imbróglios durante a organização da Copa União de 1987.
Neste mesmo ano de 1992, era disputada pela primeira vez a Copa Conmebol, que tinha como objetivo ser a segunda principal competição do continente sul-americano, atrás da Libertadores. Seus primeiros campeões foram do Brasil, o Atlético Mineiro, na primeira edição, o Botafogo, na segunda e o São Paulo, na terceira. A Conmebol foi apenas mais um dos títulos internacionais vencidos pelo São Paulo. Em 1992 e 1993, a equipe foi bicampeã da Libertadores e do Mundial.
Na Copa do Mundo de 1994, a Seleção Brasileira liderada por Romário, finalmente conquistaria o título outra vez, a quarta de sua história, recorde até então. Em 1998, o Brasil chegaria a final de novo, porém, seria derrotado pela França por 3 a 0.
Na segunda metade da década, times do país conquistariam quatro vezes a Copa Libertadores da América, em 1995, o Grêmio, e de 1997 a 1999, na ordem, Cruzeiro, Palmeiras e Vasco, porém nenhum deles ficaria com o título mundial. Em 1999, a Copa Conmebol, passava a estar em terceiro plano, sendo substituída, desde 98, pela Copa Mercosul, vencida por Palmeiras, Flamengo e Vasco em suas primeiras edições.
[editar] A nação exportadora
Com a chegada do século XXI, nota-se uma forte tendência de saída de atletas brasileiros para clubes de Europa. Os clubes ficavam cada vez mais enfraquecidos, além de terem perdido a autonomia e os direitos sobre o "passe" dos jogadores a partir da Lei Pelé. Ano após ano, aumentava em todas as regiões do mundo a quantidade de futebolistas brasileiros em atuação por outros países economicamente mais fortes. Atualmente, uma média de 800 jogadores saem do Brasil para jogador profissionalmente em outras nações.[32] No último ano, 2007, 1085 jogadores foram envolvidos em transferências internacionais. [33]
O ano 2000 começou com disputa do Campeonato Mundial de Clubes de 2001 no Rio e em São Paulo. Teve como vencedor o Corinthians, que derrotou o Vasco na final.
Em 2002, a Seleção Brasileira chegava desacreditado à Copa do Mundo. Porém, com os fracassos precoces de Argentina e França, o Brasil teve menos dificuldades do que o esperado e, guiado por Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho, entre outros, o país conquistou o seu quinto mundial.
Neste mesmo ano, a Copa Sul-Americana foi inaugurada em lugar da Mercosul, porém, a nova competição continental só teve adesão brasileira em 2003. Até hoje, nenhum clube do país a venceu.
Em 2003, o Campeonato Brasileiro passou a ser disputado por pontos corridos, em dois turnos em que todos os times jogavam contra todos. Esta mudança afetou o calendário do esporte no país, extinguindo competições regionais e encurtando as estaduais. O São Paulo é atual vencedor do Brasileiro, tendo conquistado a competição duas vezes seguidas, em 2006 e 2007.
O Campeonato Mundial de Clubes ganhou um novo formato em 2005, inspirado na edição de 2000 no Brasil, envolvendo equipes vencedoras de todas as competições continentais. São Paulo e Internacional venceram as duas primeiras edições.
[editar] Transferências internacionais
Desde o início do século XXI, o Brasil se tornou o maior exportador mundial de jogadores. Nos últimos anos, a saída de jogadores movimentou mais de 440 milhões de dólares, se tornando um dos principais produtos de exportação do país, ultrapassando produtos como banana, maçã e uva.[34] Desde que o Banco Central começou a registrar a venda de atletas para o exterior, em 1993, as exportações já somam dois bilhões de doláres.[35] O principal destino dos jogadores é Portugal: em 2007, 227 futebolistas se transferiram para o país.[36]
Ano | Valor (US$)*[35] | Nº de jogadores |
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1993 |
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1994 |
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1995 |
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1996 |
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1997 |
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1998 |
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1999 |
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2000 |
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2001 |
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2002 |
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2003 |
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2004 |
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2005 |
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2006 |
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2007 |
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Contudo, os altos valores negociados não refletem uma grande valorização do atleta brasileiro quando atuando no país. A alta quantia é muito mais pela grande quantidade de jogadores negociados, já que até hoje poucos clubes brasileiros conseguiram cifras significativas na venda de um único jogador. Na lista das dez maiores transferências da história do futebol, não se encontra nenhum brasileiro negociado por um time nacional.[37] A desvalorização do jogador brasileiro quando fora na Europa tem no caso de Kaká seu exemplo mais explícito: ganhador do prêmio de Melhor Jogador do Ano em 2007 pela FIFA e um dos atletas mais valorizados atualmente, ele saiu do São Paulo para o Milan por apenas US$ 8,25 milhões, o que levou a Silvio Berlusconi, presidente do clube milanês, a declarar: "Foi a maior contratação da história do Milan. E a preço de banana."[37]
Para os clubes, a culpa de tal êxodo é da Lei Pelé. A Lei 9.615/98, mais conhecida pelo nome de seu criador, Pelé, entrou em vigor em 26 de março de 2001, instituindo o passe livre. O passe, que era o vínculo do jogador com o clube, passou a ser substituído por um vínculo trabalhista e desportivo, permitindo que um jogador sob contrato fosse contratado por outra equipe mediante o pagamento de uma clausula penal.[38] Segundo os clubes, a Lei Pelé enfraqueceu as agremiações, por não haver uma legislação específica voltada para resguardar os interesses dos mesmos.[35] Para os atletas, o fim do passe representou o fim de um vínculo injusto, onde o time era o único com o poder de decisão sobre o futuro de seus jogadores.[38]
[editar] Seleção Brasileira
A Seleção Brasileira de Futebol é um dos principais times nacionais de futebol do mundo. Cinco vezes vencedor da Copa do Mundo FIFA, o Brasil é conhecido por sua camisa na cor amarela e verde, com shorts azuis e meias brancas, as quatro cores da bandeira nacional.
A equipe conquistou também a Copa América por sete ocasiões, a Copa das Confederações por duas, porém, nunca conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos.
Atualmente, a maioria dos jogadores que são convocados para participar do time nacional do Brasil, atuam em equipes do exterior, porém, no geral, o Botafogo é o clube que mais cedeu futebolistas para a seleção, noventa e dois jogadores botafoguense atuaram pelo país. Em Copas do Mundo, o Botafogo também é o clube com o maior número de convocações, 46 até 2006. Contudo, é o Santos que teve o maior número de jogadores campeões do mundo pelo Brasil enquanto defendiam o clube, 11 no total.
Os maiores rivais do Brasil são a Argentina e o Uruguaia na América. Além destes, na Europa, a Inglaterra, a Itália, a França e a Alemanha são as principais adversárias do time nacional brasileiro no futebol.
[editar] Entidades
[editar] CBF
A Confederação Brasileira de Futebol é a entidade máxima do esporte no país. Organiza todos os campeonatos em território nacional e representa o Brasil nas competições internacionais entre países com a Seleção Brasileira. Fica sediada na cidade do Rio de Janeiro e tem como atual presidente Ricardo Teixeira.
[editar] Federações estaduais
As Federações estaduais são as responsáveis por regular o futebol em cada Estado que lhe têm circunscrição. São órgãos inferiores e ligados à CBF, tendo autonomia própria para organizar campeonatos, eleger presidente, assinar contratos e reconhecer clubes e associações ligadas ao esporte.
[editar] Clube dos 13
O Clube dos 13 é a associação criada em 1987 para organizar a primeira divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol. Seria o órgão responsável por criar uma liga de clubes, porém, este fato só foi concretizado em seu ano de fundação e em 2000, devido a problemas da CBF na organização do campeonato, gerando assim a Copa União e a Copa João Havelange para cada ano respectivamente. Na prática, o Clube dos 13, atualmente, é o elo entre clubes e CBF e entre clubes e contratos de trasmissão pela TV.
[editar] FBA
A FBA, sigla para Futebol Brasil Associados, é a entidade responsável para a organização do Campeonato Brasileiro de Futebol - Série B, a segunda principal divisão de clubes no torneio nacional.
[editar] STJD
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva é órgão jurídico no âmbito desportivo no Brasil. Ele é responsável por julgar os casos envolvendo clubes e atletas. É comum sua participação no cotidiano do futebol brasileiro a partir de julgamentos de casos de suspensão por cartões vermelhos e amarelos, casos de agressão ou mesmo de doping. Seu órgão inferior é o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), que atua a nível estadual.
[editar] Calendário e competições
Motivo de grande controvérsia no Brasil, o calendário de futebol ao longo dos tempos foi alvo de críticas por parte de torcedores, jornalistas especializados e mesmo dirigentes de clubes. Com a aprovação do "Estatuto do Torcedor" pelo Congresso Nacional, as mudanças começaram a transformar o calendário nacional. Segundo a CBF, a intenção é tornar o calendário brasileiro compatível com os dos países da Europa, para compatibilizar os interesses das organizações de futebol nacionais e internacionais[carece de fontes ].
A temporada brasileira, tradicionalmente, é iniciada em janeiro. Hoje, a primeira competição a ser disputada pelos elencos profissionais são os campeonatos estaduais. Anteriormente, entre meados da década de 1990 até 2002, as competições regionais, como o Torneio Rio-São Paulo, a Copa Sul-Minas e a Copa Nordeste por exemplo, eram realizadas no começo do ano. Envolviam equipes de diferentes estados. Contudo, foram extintas, já que sobrecarregavam os grandes times no primeiro semestre. A Copa do Brasil, disputada na primeira metade do ano, cresceu e ganhou importância. Esta é a única competição nacional que envolve clubes de todos os estados do Brasil, classificados a partir de torneios estaduais do ano anterior. No entanto, a Copa do Brasil não conta com a participação das equipes classificadas para a Libertadores da América, também disputada no primeiro semestre de cada ano.
O Campeonato Brasileiro de Futebol, também conhecido por Brasileirão popularmente, é realizado entre maio e dezembro normalmente, desde 2003. Por começar antes do meio de cada ano, o campeonato sofre com a abertura do mercado exterior entre julho e agosto, fazendo com que muitos jogadores transfiram-se para outros países. Além disso, seu início dá-se durante a fase decisiva da Copa Libertadores e sua finalização é concorrente à Copa Sul-Americana.
No total, um clube brasileiro pode acabar disputando por volta de 80 partidas ao longo do ano, perfazendo a média de um jogo a cada 4,5 dias. Os jogos de primeira divisão no país costumam acontecer em rodadas de quarta e quinta-feira, à noite, e sábado e domingo, à tarde.
No passado, os campeonatos estaduais e o nacional, desde que fora criado, dividiam o calendário do futebol brasileiro. Uma competição para cada semestre. Além disso, paralelamente aos estaduais, ocorriam competições municipais, regionais e, em alguns locais, o Torneio Início, que tinha todas suas partidas em apenas um dia.
[editar] Campeonatos Estaduais
Organizados pelas federações estaduais, é uma disputa entre os clubes de cada unidade da federação, muito tradicional em determinados estados. A fórmula de disputa é diferente para cada Estado, variando conforme a tradição, cultura, mercado e vontade dos dirigentes locais. Alguns Estados criam fórmulas complexas, com diversas finais, turnos e repescagens ao longo do torneio, enquanto outros, como o Rio Grande Sul, mantém a mesma fórmula há várias décadas. Desde a instituição da Copa do Brasil, os campeões estaduais de federações menores têm a oportunidade de obter algum tipo de projeção nacional.
Sua existência é um aspecto único ao futebol brasileiro. Por causa do desenvolvimento do esporte em tempos remotos, o tamanho do país e a falta de um transporte rápido, tornou-se inviável a criação de uma competição de nível nacional, fazendo com que os primeiros torneios fossem estaduais ou interestaduais, como o Torneio Rio-São Paulo. Mesmo hoje, apesar da existência de um campeonato nacional, os campeonatos estaduais continuam a ser disputados intensamente e as rivalidades dentro de cada estado mantém-se muito forte. Em alguns Estados, a competição ganha o apelido por seu aumentativo, casos do Paulistão e Gauchão por exemplo.
[editar] Copa do Brasil
Torneio criado em 1989, a Copa do Brasil de Futebol em suas primeiras edições era relegado ao segundo plano. Hoje, ganhou importância devido a um número maior de participantes e, principalmente, por causa da vaga para a Copa Libertadores da América do ano seguinte reservada ao campeão. É a única chance dos times pequenos (como o Santo André, em 2004, e o Paulista de Jundiaí, em 2005) conseguirem acesso à competições internacionais, sem precisar ganhar o competitivo Campeonato Brasileiro de Futebol, em todas as suas divisões.
[editar] Campeonato Brasileiro
O Campeonato Brasileiro de Futebol ou Brasileirão foi criado apenas em 1971 pela CBF para ser o principal torneio de futebol no âmbito nacional. O campeonato teve com antecessores a Taça Brasil e o Torneio Roberto Gomes Pedrosa. Ainda hoje, algumas dificuldades são notórias para a sua realização. A fórmula foi alterada inúmeras vezes e as divisões inferiores sempre sofreram com o descaso e a falta de planejamento. Nos últimos anos, porém, o campeonato ganhou consistência com a adoção, desde a edição de 2003, do sistema de pontos corridos, onde a competição é disputada em dois turnos, sendo o time que somar o maior número de pontos o campeão. O torneio cede vaga para as competições internacionais, Libertadores e Sul-Americana, além de rebaixar clubes para a Segunda Divisão.
O Campeonato Brasileiro é disputado em três divisões, além da Série A, existem também as Séries B e C. Recentemente, grandes clubes cairam para a Segunda Divisão, como Palmeiras, Botafogo, Atlético Mineiro, Grêmio, porém, todos estes conseguiram reascender à Série A no ano seguinte. A presença destas equipes gerou maior organização da competição e atração de investimentos para a sua realização. Já a Terceira Divisão teve como participação o tradicional Fluminense em 1999. A presença do clube carioca gerou uma grande estruturação da competição, que, pela primeira vez naquele ano, foi transmitida pela televisão.
Atualmente a CBF discute a criação de uma Série D.[39][40]
[editar] Categorias de base
[editar] Copa São Paulo de Futebol Júnior
Organizada pela Federação Paulista de Futebol, a Copa São Paulo de Futebol Júnior conta com a participação de dezenas de clubes da categoria júnior (até 20 anos) de todo o país (em algumas edições houve a participação de clubes estrangeiros), com uma contagem que varia ano a ano. Tem duração em torno de 20 dias e sua final acontece sempre no Estádio do Pacaembu em 25 de Janeiro, aniversário da cidade de São Paulo, capital do Estado.
[editar] Campeonato Brasileiro de Futebol Sub-20
Organizado desde 2006 pela CBF, o Campeonato Brasileiro de Futebol Sub-20 reúne no final do ano as principais equipes de futebol do país, com jogadores em idade até 20 anos, em um único Estado-sede. As equipes são divididas em grupos e os melhores classificam-se para uma fase eliminatória. Após cada etapa, o vencedor da final sagra-se o campeão. As duas edições do torneio foram disputadas no Rio Grande do Sul.
[editar] Competições internacionais
[editar] Copa Libertadores
A Copa Libertadores da América começou a ser disputada em 1960. Organizada pela CONMEBOL, é a principal competição de clubes da América do Sul, sendo disputada no primeiro semestre. Apesar de um boicote por parte dos clubes brasileiros em fins da década de 1960, oito clubes do país já a venceram. São eles São Paulo, recordista do país com três conquistas; Santos, Grêmio e Cruzeiro com duas; além de Flamengo, Vasco, Palmeiras e Internacional que possuem um título. Atualmente, cinco equipes do Brasil podem conseguir vaga na competição através das competições nacionais. O campeão da Libertadores ganha vaga na Recopa Sul-Americana para jogar contra o campeão da Copa Sul-Americana. A competição é tão importante para os clubes que de 1991 em diante sempre teve um time brasileiro como semi-finalista.
[editar] Copa Sul-Americana
A Copa Sul-Americana é a segunda principal competição da América do Sul. Ela foi criada para substituir as antigas Copa Conmebol, vencida por Atlético Mineiro (duas vezes), Botafogo, São Paulo e Santos, e Copa Mercosul, conquistada por Flamengo, Vasco e Palmeiras. Ocorre sempre no segundo semestre de cada ano. São concedidas para times do Brasil oito vagas no torneio, incluíndo uma para o campeão do Brasileirão. Contudo, até hoje, nenhum clube do país a venceu. O campeão da Copa Sul-Americana ganha vaga na Recopa Sul-Americana para jogar contra o campeão da Copa Libertadores da América.
[editar] Mundial de Clubes
O Mundial de Clubes, e suas versões anteriores, são a principal competição de futebol envolvendo clubes no Planeta Terra. Disputada desde 1950 e, a partir de 1980 no Japão anualmente (com exceção de uma edição no Brasil em 2000), dá vaga ao campeão da Copa Libertadores da América de disputar a título de campeão do mundo.
Sete clubes do país já venceram a competição, o São Paulo, recordista do país com três conquistas, o Santos duas vezes, e o Flamengo, Grêmio e o Internacional uma vez cada.
[editar] Futebol feminino
O futebol feminino do Brasil tem como destaque a Seleção Brasileira de Futebol Feminino. No time nacional, destacam-se jogadoras como Marta, Cristiane, Daniela Alves e, na década de 1990, Kátia Cilene, Pretinha e Sissi. O time ganhou a medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos de 2003 e 2007, além de ter sido vice-campeã na Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2007 e nas Olimpíadas de 2004.
Apesar da força da Seleção, o futebol femino interno é precário. São poucos os clubes que se interessam por desenvolver a categoria. Além disso, os campeonatos são escassos, sendo grande parte em nível estadual e amador. O primeiro grande torneio criado foi a Copa do Brasil de Futebol Feminino em 2007.
[editar] Mídia
A popularização do futebol no Brasil deve-se, em parte, à mídia, em especial ao rádio nas primeiras décadas do século XX. A Rádio Globo do Rio de Janeiro, capital da República até 1961, transmitia partidas para grande parte do território nacional. Além disso, outras rádios locais cobriam o esporte em sua própria região antes da chegada e difusão da televisão. Os jornais também contribuiam para a divulgação de informações a respeito dos ocorridos do esporte.
Atualmente, a televisão é o principal órgão difusor do futebol no país. Os direitos de transmissão dos principais campeonatos encontram-se sobre o monopólio das Organizações Globo, que as divide para seus canais, TV Globo, Sportv e Premiere Futebol Clube, além de outros canais de TV aberta, como a Band e, anteriormente, a Record. A Série B conta também com a transmissão da RedeTV!, além dos veículos da Globo. Outro canal de televisão que cobrem o esporte é a ESPN Brasil, apesar de não ser detentor dos direitos de transmissãos dos jogos.
Outros veículos de comunicação futebolísticos importantes são a Revista Placar e os jornais esportivos Lance!, Gazeta Esportiva e Jornal dos Sports. Um tipo comum de programa na televisão fica por conta dos programas de mesa-redonda (debate esportivo) nas noites de sábado, domingo e segunda-feira, além de outros especializados em formatos variados diariamente. Uma espécie curiosa de exploração do esporte dá-se pela MTV Brasil através do programa Rockgol, onde algumas das bandas musicais famosas montam equipes e disputam um torneio.
[editar] Torcida
Segundo pesquisas realizadas[41], o clube que possui a maior torcida do país é o Flamengo, com cerca de 33 milhões de adeptos. Logo atrás, o Corinthians é o dono do segundo maior contigente de torcedores, 24 milhões aproximadamente. Outros clubes que ultrapassam a marca de 10 milhões de fãs são o São Paulo, o Palmeiras e o Vasco.
É comum ver nos estádios torcidas organizadas, grupos de adeptos de um determinado time que se unem para cantar músicas de apoio ao seu time. Contudo, um número de integrantes de tais grupos são responsáveis por um grande número de atos de violência dentro e fora dos estádios, sobretudo em brigas contra torcidas organizadas rivais. A violência desses integrantes tem feito com que o poder público discuta medidas de represálias a tais movimentos, como sua proibição.[42][43]
[editar] Principais clubes
[editar] Grandes futebolistas[editar] Grandes treinadores
[editar] Principais estádios[editar] Curiosidades
[editar] Outras modalidades
[editar] Ver também[editar] Referências
[editar] Bibliografia
[editar] Leitura Complementar
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