Convento de Santo Antônio (Rio de Janeiro)
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O Convento de Santo Antônio do Rio de Janeiro localiza-se no Largo da Carioca, no alto do Morro de Santo Antônio. O convento forma, junto com a vizinha Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, um dos mais antigos e importantes conjuntos coloniais remanescentes no Rio de Janeiro.
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[editar] Histórico e descrição
[editar] Origens
A história do Convento de Santo Antônio começa em 1592, quando chegaram os primeiros frades franciscanos ao Rio de Janeiro. Em 1607 foi-lhes concedida a posse de um morro, atualmente conhecido como Morro de Santo Antônio, no qual começaram a construir o convento em 1608. O primeiro arquiteto foi o frei Francisco dos Santos, mas vários outros religiosos-arquitetos franciscanos interferiram na obra. A primeira missa foi rezada em 1615, com a igreja do convento ainda em construção, e só em 1620 foi terminado o conjunto.
Ao sopé do morro encontrava-se uma lagoa, no lugar do atual Largo da Carioca, que foi aterrada em 1679, depois de insistentes pedidos dos franciscanos.
[editar] Igreja
Entre 1697 e 1701 a fachada da igreja do convento foi ampliada, contando agora com uma galilé com três arcos de entrada. Na segunda metade do século XVIII os arcos foram substituídos por portais barrocos esculpidos em pedra de lioz portuguesa. Os portais são encimados por três janelas, por sua vez encimadas por um frontão com recortes contracurvados. Esse frontão é neo-colonial e foi introduzido na década de 1920. O original era triangular, de feição maneirista, como aliás eram os frontões dos templos mais antigos da cidade, como os das igrejas de Santo Inácio (demolida) e do Mosteiro de São Bento.
O interior da igreja é bastante simples e tradicional, de forma retangular e com uma só nave. A capela principal e os altares laterais têm talha dourada do período entre 1716 e 1719, de feição barroca tardia, mais típica do século XVII que do século XVIII. O altar principal, com uma imagem de Santo Antônio, tem as típicas colunas retorcidas (salomônicas) e arcos concêntricos de carregada decoração. As paredes e o teto da capela são totalmente cobertos de talha e possuem painéis pintados que contam a vida de Santo Antônio, formando um belo conjunto. Do lado direito da igreja está a capela da Ordem Terceira de São Francisco, com talha mais tardia.
No subcoro, junto à entrada da igreja, há uma série de curiosos bustos dos dezoito Mártires do Japão, em memória dos frades franciscanos martirizados no século XVII naquele país.
[editar] Convento
O convento foi muito alterado e ampliado ao longo do tempo, sendo essencialmente um edifício da segunda metade do século XVIII. A extensa fachada virada para o Largo da Carioca tem várias janelas de forma quase quadrada, muito espaçadas, que indicam a antiguidade do edifício. Um enorme cunhal de cantaria, na esquina do convento, é encimado por um grande pináculo. No interior há um claustro, de planta quadrada, ainda utilizado pelos frades do convento.
Na portaria, construída entre 1779 e 1781, há um nicho com uma estátua de Santo Antônio. Sobre a portaria, ao lado da entrada da igreja, há um campanário de cantaria com três sinos. O convento não tem nenhuma torre sineira.
O mais notável do convento é a sacristia setecentista, construída cerca de 1714 e considerada a melhor do Rio de Janeiro. Pouco se sabe sobre os autores das obras da sacristia, decorada com armários entalhados, azulejos portugueses, teto com molduras barrocas e pinturas sobre Santo Antônio, piso com mosaicos de mármore português e um magnífico arcaz de madeira de jacarandá, entalhado e assinado pelo português Manuel Alves Setúbal em 1745. Perto da sacristia se encontra outra magnífica peça: um lavabo português esculpido em mármore de Estremoz.
[editar] Personalidades
Um dos mais famosos religiosos franciscanos relacionados ao Convento de Santo Antônio é Frei Vicente do Salvador (1564-1639), co-fundador do convento. Frei Vicente do Salvador, nascido na Bahia, foi autor de um dos primeiros livros sobre a história da colônia (História do Brasil, 1627), em que narra os fatos desde o Descobrimento do Brasil até o início do século XVII.
Outro importante religioso foi Frei Francisco de Santa Teresa de Jesus Sampaio, amigo de D. Pedro I e um dos conspiradores que convenceu o príncipe a declarar a Independência do Brasil. Na cela de Frei Sampaio se realizaram muitas reuniões secretas dos partidários da Independência, e o próprio religioso foi o redator da carta que foi entregue ao futuro imperador e que levou ao famoso Dia do Fico.
A primeira Imperatriz do Brasil, D. Leopoldina, morta em 1826, foi sepultada no Convento da Ajuda, na atual Cinelândia. Quando o convento foi demolido, em 1911, os restos da Imperatriz foram trazidos ao Convento de Santo Antônio, no qual foi construído um mausoléu para ela e alguns membros da Família Imperial. Em 1954, os restos de D. Leopoldina foram transferidos definitivamente para o Museu do Ipiranga, em São Paulo.
[editar] Santo Antônio, militar
A imagem de Santo Antônio da portaria do convento, colocada aí em 1781, tem um história muito atribulada. Em 1710, quando o Rio de Janeiro foi invadido pelos franceses liderados por Jean François Duclerc, o governador Francisco de Castro Morais pediu proteção ao santo. Uma vez vencidos os franceses, o governador nomeou a estátua de Santo Antônio como capitão de infantaria, com direito a soldo, pago ao convento.
A história impressionou o Príncipe-Regente D. João VI, que promoveu a imagem de Santo Antônio a sargento-mór em 1810 e a tenente-coronel em 1813. D. João também lhe deu um belo bastão cravejado de pedras preciosas. O soldo do santo só deixou de ser pago ao convento em 1911.
[editar] Referências
- Centro de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro (2000). Guia da arquitetura colonial, neoclássica e romântica no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Casa da Palavra.
- Arte Colonial do Rio de Janeiro por Milton Teixeira Mendonça